(sou o da direita)
Quem sou eu
Quando
criança, morei numa casa que não era grande, mas tampouco pequena. Tanto
assim, que tinha até sala de visitas, vejam só
Nela,
havia um bonito piano, bem antigo, Zimmermann, alemão.
Num
dos cantos daquela sala, um violoncelo acomodado. No outro
canto, um vitrolão, num bonito móvel de madeira.
Meu
pai sentava ao piano, e lá ia ele tocando fox-trotes, ragtimes,
dizzeland, valsas, sambas e por aí vai. Tocava também Chopin, que
ele gostava muito.
Quando
eu ouvia ele ao piano, corria até a sala de visitas, e ficava bem
quieto, escutando.
Outras
vezes ele trocava o piano pelo violoncelo. Som grave, sóbrio,
elegante.
Quando
não havia nem o piano, ou o violoncelo, eu escolhia alguns discos
(todos de 78 rotações), subia numa cadeira (eu era pequeno) e
colocava na vitrolonona. Gostava daqueles discos, com músicas
alegres, agitadas. Eram pianos no estílo ''Honktonk'', bandas de
diexeland, além de sambas de Noel, Adoniran, Herivelto, só para
lembrar de alguns.
A
casa de minha infância sempre recebia visitas. Amigos, parentes,
vizinhos. Se reuniam ora na sala de visitas, ora na sala de jantar.
Eram muitas as histórias. Falavam de política, de histórias de
Bragança Paulista, Perdões, Buquira, São José dos Campos, de
São Paulo. Eram histórias interessantes, coloridas, humoradas, até
as histórias de fantasmas.
Lembro
que sentava na mesa, perto de todos eles, e ficava bem quieto, só
ouvindo. Histórias sem fim. Histórias das idas e vindas e do sobe desce do Brasil. Das e
vindas do mundo. E, na minha cabeça, eu ia formando um caleidoscópio
de imagens. Escutava tudo atentamente...até hoje muitas delas, ainda
estão vivas.
Um
dia eu sonhei que iria estudar música, para tocas aquelas que ouvia
no piano do meu pai, e nos discos de casa. E que também, iria
escrever muitas histórias, pois com elas a imaginação voa para bem
longe. Sim, eu seria um contador de histórias.
Assim,
continuei pela vida a fora, como aquele moleque curioso, cheio
de perguntas, olhando para todos os lados.
Me
graduei em História, pela Universidade de São Paulo, trabalhei sempre com cultura, inclusive por
trinta e cinco anos, na Rádio e TV Cultura de São Paulo, e uns anos
a mais na Rádio Web, do Centro Cultura São Paulo. Tenho ainda, publicado pela Editora Vozes (Petrópolis), um livro de contos infanto-juvenis: ''Vinte dois Contos, e o Dom da Liberdade'' (Obs. NÃO se trata de auto-ajuda). Na realidade é uma coletânea de contos que escrevi , para a série de programas infanto-juvenis, ''Bambalalão'', produzido e veiculado pela TV Cultura de São Paulo.
Enfim, sempre
pesquisando, sempre escrevendo, sempre contado muitas histórias,
para quem quisesse ouvir, no rádio, ou na televisão.
Música
eu aprendi um pouco. Estudei órgão, para tocar os mesmos foxes,
ragtimes, blues, sambas de que gostei, e ainda gosto.
Hoje já não tão jovem, continuo o garoto daqueles bons tempos, sempre com música e História na cabeça...que bom!