Eu
também sou Doutor
Márcio
Barker
(imagem Google)
Corriam
as primeiras décadas, do século passado. Foi quando começou a
aparecer em maior número, um personagem relativamente novo: o
doutor.
Sim,
aquele doutor todo chic, engomado, penteadíssimo, com brilhantina,
terno, colete, paletó, também perfunmadíssimo, sapato de cromo
alemão, gravata italiana e terno de gabarne inglês. Isso sem
esquecer da elegantíssima piteira. E, coroando, um belo anel de
formatura.
Anel
com pedra azul, o doutor era engenheiro. Anel de pedra verde, era
médico ou veterinário. De pedra vermelha, doutor em leis.
Naturalmente
aqueles jovens eram alvo de olhares fascinados, e suspiros
lamentosos. Eram, também alvo, (predileto, diga-se de passagem) das
aflitas mamães, de não menos aflitas senhoritas ''casadouras''.
Eram eles o protótipo do que se chama, até hoje, de bom partido.
Para
poder chegar a ter um anel de formatura no dedo, naturalmente eram
filhos de gente da finesse. Trafegavam em ambientes geralmente
''finérrimos'', como clubes esclusivos, salões para poucos, longe
das cores tristes das periferias.
A
periferia do trem subúrbio, da marmita, da favela, do dinheiro
curto, do samba.
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Custódio Mesquita Imagem Google |
Pois
é, o samba, que todos cantavam, dançavam e gingavam...até os tais
doutores...quem sabe muitos, disfarçadamente. Sim, porque vivianos num Brasil que, sair com violão debaixo do braço, era meio convite
para a cadeia.
Mas
e o sambista na terra dos doutores? Como ficava? Não tinha seus
direitos?
Então
veio Custódio Mesquita, maestro, pianista, compositor e arranjador,e
fez uma justa reivindicação, em nome de todos os sambistas:
''Doutor
em Samba'', que foi gravado por Mário Reis, em 1933.
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Rio de Janeiro Imagem Google |
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Mário Reis Imagem Google |
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