quarta-feira, 5 de setembro de 2018

Quem sou eu

         


(sou o da direita)

Quem sou eu
Quando criança, morei numa casa que não era grande, mas tampouco pequena. Tanto assim, que tinha até sala de visitas, vejam só

Nela, havia um bonito piano, bem antigo, Zimmermann, alemão. 
Num dos cantos daquela sala, um violoncelo acomodado. No outro canto, um vitrolão, num bonito móvel de madeira.
Meu pai sentava ao piano, e lá ia ele tocando fox-trotes, ragtimes, dizzeland, valsas, sambas e por aí vai. Tocava também Chopin, que ele gostava muito.
Quando eu ouvia ele ao piano, corria até a sala de visitas, e ficava bem quieto, escutando.
Outras vezes ele trocava o piano pelo violoncelo. Som grave, sóbrio, elegante.
Quando não havia nem o piano, ou o violoncelo, eu escolhia alguns discos (todos de 78 rotações), subia numa cadeira (eu era pequeno) e colocava na vitrolonona. Gostava daqueles discos, com músicas alegres, agitadas. Eram pianos no estílo ''Honktonk'', bandas de diexeland, além de sambas de Noel, Adoniran, Herivelto, só para lembrar de alguns.
A casa de minha infância sempre recebia visitas. Amigos, parentes, vizinhos. Se reuniam ora na sala de visitas, ora na sala de jantar. Eram muitas as histórias. Falavam de política, de histórias de Bragança Paulista, Perdões, Buquira, São José dos Campos, de São Paulo. Eram histórias interessantes, coloridas, humoradas, até as histórias de fantasmas.
Lembro que sentava na mesa, perto de todos eles, e ficava bem quieto, só ouvindo. Histórias sem fim. Histórias das idas e vindas e do sobe desce  do Brasil. Das e vindas do mundo. E, na minha cabeça, eu ia formando um caleidoscópio de imagens. Escutava tudo atentamente...até hoje muitas delas, ainda estão vivas.
Um dia eu sonhei que iria estudar música, para tocas aquelas que ouvia no piano do meu pai, e nos discos de casa. E que também, iria escrever muitas histórias, pois com elas a imaginação voa para bem longe. Sim, eu seria um contador de histórias.
Assim, continuei pela vida a fora, como  aquele moleque curioso, cheio de perguntas, olhando para todos os lados.
Me graduei em História, pela Universidade de São Paulo, trabalhei sempre com cultura, inclusive por trinta e cinco anos, na Rádio e TV Cultura de São Paulo, e uns anos a mais na Rádio Web, do Centro Cultura São Paulo. Tenho ainda, publicado pela Editora Vozes (Petrópolis), um livro de contos infanto-juvenis: ''Vinte dois Contos, e o Dom da Liberdade'' (Obs. NÃO se trata de auto-ajuda). Na realidade é uma coletânea de contos que escrevi , para a série de programas infanto-juvenis, ''Bambalalão'', produzido e veiculado pela TV Cultura de São Paulo.
Enfim, sempre pesquisando, sempre escrevendo, sempre contado muitas histórias, para quem quisesse ouvir, no rádio, ou na televisão.
Música eu aprendi um pouco. Estudei órgão, para tocar os mesmos foxes, ragtimes, blues, sambas de que gostei, e ainda gosto.
Hoje já não tão jovem,  continuo o garoto daqueles  bons tempos, sempre com música e História na cabeça...que bom!




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