quarta-feira, 19 de setembro de 2018

A voz macia e o vozeirão


  A voz macia e o vozeirão
Márcio Barker





Nas primeiras décadas do século passado, fosse no rádio ainda nascente, nos teatros de revista, em reuniões no fundo de algum quintal, ou mesmo nas serestas pelas ruas a fora, o romantismo dava o tom.
Nomes como do compositor, e intérprete Gastão Formenti, Vicente Celestinho, ou compositores como Catulo da Paixão Cearense, entre tantos outros, hoje são símbolos de um romantismo quase levado às últimas consequência.
Gastão Formenti
Versos como esse, eram a tônica.


Na Serra da Mantiqueira.
Sob a fronde da mangueira
Que ela em moça viu plantar.                                          
Sentadinha no seu banco.
La na encosta do barranco.
Mãe Maria vai sonhar.
(Na Serra da Mantiqueira – G. Formenti)


Composições como esta, com versos rebuscados, palavras ''difíceis'', que demonstrava um esfôrço na erudição, eram interpretadas com voz empostada, repleta de longos graves e agudos, onde também eram fartos os trêmulos e vibratos.
Era o modo de cantar de toda uma época, quem sabe vindo das árias operísticas, e até, operetas.
Mas, já nos anos vinte e, principalmente na década de trinta, a coisa mudou.
Estava surgindo um novo tipo de cantar, e que se adequava como luva, ao samba do Estácio, surgido no início dos anos trinta, no bairro do Estácio de Sá, Rio de Janeiro.
A seguir, um interessante exemplo, desses dois modos interpretativos, numa mesma gravação.

Mário Reis
Francisco Alves



                                                            








De um lado Mário Reis, que inovava com sua bossa, voz macia e leve. De outro, a voz forte de Francisco Alves, com seus vibratos e longos agudos e graves,  que é um exemplo do modo interpretativo que marcou toda uma época O ano é 1930, quando gravaram a marcha carnavalesca ''Formosa'', de J. Ruy e Antonio Nassara.
Ouçam.

(imagens - internet)

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