A
voz macia e o vozeirão
Márcio
Barker
Nas
primeiras décadas do século passado, fosse no rádio ainda
nascente, nos teatros de revista, em reuniões no fundo de algum
quintal, ou mesmo nas serestas pelas ruas a fora, o romantismo dava o
tom.
Nomes
como do compositor, e intérprete Gastão Formenti, Vicente
Celestinho, ou compositores como Catulo da Paixão Cearense, entre
tantos outros, hoje são símbolos de um romantismo quase levado às
últimas consequência.
![]() |
Gastão Formenti |
Versos
como esse, eram a tônica.
Na
Serra da Mantiqueira.
Sob
a fronde da mangueira
Que
ela em moça viu plantar.
Sentadinha
no seu banco.
La
na encosta do barranco.
Mãe
Maria vai sonhar.
(Na
Serra da Mantiqueira – G. Formenti)
Composições
como esta, com versos rebuscados, palavras ''difíceis'', que
demonstrava um esfôrço na erudição, eram interpretadas com voz
empostada, repleta de longos graves e agudos, onde também eram
fartos os trêmulos e vibratos.
Era
o modo de cantar de toda uma época, quem sabe vindo das árias
operísticas, e até, operetas.
Mas,
já nos anos vinte e, principalmente na década de trinta, a coisa
mudou.
Estava
surgindo um novo tipo de cantar, e que se adequava como luva, ao
samba do Estácio, surgido no início dos anos trinta, no bairro do
Estácio de Sá, Rio de Janeiro.
A
seguir, um interessante exemplo, desses dois modos interpretativos,
numa mesma gravação.
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Mário Reis |
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Francisco Alves |
De
um lado Mário Reis, que inovava com sua bossa, voz macia e leve. De
outro, a voz forte de Francisco Alves, com seus vibratos e longos agudos e graves, que é um exemplo do modo
interpretativo que marcou toda uma época O ano é 1930, quando
gravaram a marcha carnavalesca ''Formosa'', de J. Ruy e Antonio
Nassara.
Ouçam.
(imagens - internet)
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