sexta-feira, 28 de setembro de 2018

Ode ao Malandro II


Ode ao Malandro II
Márcio Barker

salveamalandragem


Chapéu estilo ''panamá'',
geralmente de lado.
Terno branco, de linho.
Impecável.
Gravata, quem sabe vermelha.
Cravo na lapela.
Ou então camisa listrada.
Lenço no bolso do paletó,
ou no pescoço.
Sapatos bilcolores
Perfumado.
Rosto tranquilo,
fala macia.
Mãos finamente tratadas.
Mãos que seduzem, que encantam...
que acariciam...
Simpático,
bom de papo,
bem penteado.
Olhar sedutor, cativante,
impossível de ser resistido.
Daí o seu sucesso com desavisadas donzelas.
Usa até desodorante.
Andar tranquilo e gingado.
Era o malandro à antiga.
De pequenos golpes,
indolores...imperceptíveis.
Mãos de veludos sequestrando,
desavisadas carteiras,
em desavisados bolsos.
Nada mais desejava senão viver.
Sem fazer mal a ninguém,(na medida do possível)
e viver em paz.
O maxixe e o samba eram sua orações.
O violão, o grande companheiro.
Era o malandro ágil, bom de pernas,
pra ganhar a corrida da polícia.
Era ele, o grande herói no imaginário.
Chapéu de lado.
Tamanco arrastando,
navalha no bolso,
passando gingando,
provoca e desafia,
e, sem dúvida,
sentindo orgulho em ser tão vadio,
como bem o descreveu,
o compositor malandro Wilson Batista,
em ''Lenço no Pescoço''





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